Jornal de Estudo

Monday, April 23, 2007

CLASSIFICAÇÃO DAS ROCHAS SEDIMENTARES


As rochas sedimentares constituem uma fina camada da crusta, representando cerca de 75% das rochas expostas à superfície terrestre.
As classificações existentes para este tipo de rochas baseiam-se, sobretudo, na génese dos sedimentos que as originam.
Assim consideram-se três tipos de sedimentos:
- Detríticos, que são fragmentos com origem físico-química em rochas pré-existentes.
-Químicos que são fragmentos que resultam da precipitação de algumas substâncias dissolvidas na água.
-Biogénicos, que são fragmentos resultantes da actividade dos seres vivos ou produzidas pelos seres vivos.
Os sedimentos detríticos originam rochas detríticas, os sedimentos químicos originam rochas quimiogénicas e os sedimentos biogénicos originam rochas biogénicas.
As rochas sedimentares detríticas constituem a maioria (3/4) do total das rochas sedimentares existentes à superfície da Terra. Os sedimentos podem classificados quanto ao grau de calibragem, ao grau de arredondamento, quanto à granulometria e à composição química. Os depósitos de balastros, areias, síltes e argilas classificam-se como rochas sedimentares detríticas não consolidadas. A consolidação destes sedimentos por diagénese, origina as rochas sedimentares detríticas consolidadas A consolidação é feita por acção da pressão e da cimentação no caso das brechas, dos conglomerados e dos arenitos. No caso dos siltítos e dos argilítos devido à pequena dimensão das partículas constituintes é só feita por acção da pressão que permite a compactação. A cimentação pode ocorrer pela formação de um cimento (precipitação de substâncias dissolvidas na água) entre os sedimentos ou por formação de uma matriz (deposição de partículas muito finas transportadas pela água).
O aspecto das areias pode dar informações sobre as condições ambientais em que se formaram. Assim as areias fluviais são geralmente angulosas com grau de granotriagem variável, as eólicas são bem arredondadas, baças devido a numerosas marcas provocadas pelos choque e muito bem calibradas, as areias marinhas são arredondadas, polidas, brilhante e bem calibradas e as areias glaciárias são muito angulosas e mal calibradas. As areias mais comuns são as quartzosas pois são constituídas por quartzo, um mineral muito resistente. Entre os grãos de areia existem espaços ou poros onde a água pode circular e por isso as areias são muito permeáveis.
As areias têm várias aplicações na nossa sociedade como a construção civil e as indústrias de cerâmica e vidreira.
As argilas são rochas pouco duras, friáveis, reduzem-se com facilidade a pó e têm cheiro característico a barro. São muito plásticas e quando saturadas em água tornam-se impermeáveis. As pequeníssimas partículas que as constituem aumentam de volume ao absorverem água, fazendo desaparecer os espaços existentes entre elas. Quando zonas argilosas ficam expostas ao ar seco, a água evapora-se e o terreno apresenta-se cheio de fendas, devido à desidratação. As argilas podem ter várias aplicações na construção civil e na indústria de cerâmica.
As rochas sedimentares quimiogénicas formam-se por precipitação de substâncias dissolvidas na água, os sedimentos.
A calcite é quimicamente carbonato de cálcio e pode formar-se a partir de iões cálcio e o iões hidrogenocarbonato, levando à formação de água e dióxido de carbono. A diminuição do teor do dióxido de carbono nas águas em consequência do aumento da temperatura da água, da diminuição da pressão atmosférica ou da agitação das águas (exemplo: o efeito da ondulação) faz com que o equilibro químico se desloque no sentido da formação e libertação de CO2 e na precipitação de carbonato de cálcio. A deposição posterior diagénese dos minerais de calcite origina o calcário. São exemplos de calcários quimiogénicos, o travertino, as estalactites, as estalagmites e as colunas.
O sal-gema forma-se por precipitação de sais de cloreto de sódio, com formação do mineral halite. O gesso forma-se por precipitação de sais de sulfato de cálcio dom formação do mineral gesso. Esta evaporação é desencadeada pela evaporação de águas marinhas retidas em lagunas ou de águas salgadas de lagos de zonas áridas que contêm ou cloreto de sódio ou sulfato de cálcio em solução.
O sal-gema é pouco denso e muito plástico. Depósitos profundos desta rocha, quando sujeitos a pressão, podem subir através de zonas frágeis da crosta e formar grandes massas de sal, os domas salinos ou diapiros.
O gesso é utilizado na construção civil e na decoração e o sal-gema em indústrias que produzem sabão, borracha, cerâmica e detergentes.
As rochas sedimentares biogénicas formam-se como consequência da actividade dos seres vivos que se pode manifestar de vários modos.
Os corais são seres vivos que edificam estruturas calcárias sob a forma de recifes, a partir do carbonato de cálcio dissolvido na água do mar. As numulites são fósseis de organismos marinhos que fabricavam uma concha enrolada em espiral de carbonato de cálcio. Outros seres vivos retiram o carbonato de cálcio do mar para construir as suas conchas. A acumulação e a cimentação destas estruturas, após a morte dos seres vivos, originam respectivamente os calcários recifais, os calcários numulíticos e os calcários conquíferos.
Os carvões e os petróleos são considerados combustíveis fósseis pois possuem matéria proveniente de seres vivos, principalmente fotossintéticos. Estes seres armazenaram energia química nos seus compostos orgânicos. Durante milhões de anos estes compostos orgânicos foram decompostos, devido a um aprofundamento rápido o que evitou o contacto com o oxigénio, transformando-se de acordo com a natureza dos detritos em carvões ou petróleo. Estas substâncias podem ser utilizadas em reacções de combustão para produzir energia.
Os meios lagunares costeiros ou os meios lacustres são os mais adequados para que ocorra a sedimentação com movimentos de subsidência (aprofundamento).
As turfas resultam da decomposição lenta de restos de plantas, em ambientes aquáticos pouco profundos e oxigenados, como os pântanos, ao longo de milhões de anos. Em bacias costeiras lagunares ou em bacias lacustres este sedimento biogénico, a turfa, pode aprofundar rapidamente e sofrer a decomposição de bactérias anaeróbias. Com o aumento da profundidade as bactérias morrem devido ao aumento da pressão e da temperatura e devido à acumulação dos produtos de metabolismo. Ocorre então diagénese originando progressivamente carvões mais ricos em carbono e consequentemente mais pobres em água e substâncias voláteis. Este enriquecimento em carbono designa-se de incarbonização. A lenhite ainda apresenta elevado teor em água por isso o seu poder combustível é fraco. O carvão betuminoso, conhecido por hulha, apresenta elevado teor de carbono, o que faz dele o carvão de maior interesse económico, pois apresenta elevado valor energético e relativa facilidade de exploração. O antracito contém mais de 90% de carbono o que o torna difícil de combustão. Quando, na formação da jazida a subsidência do fundo da bacia de sedimentos é rápida, a vegetação diminui, diminuindo também a deposição de detritos orgânicos. Pelo contrário aumenta a deposição de detritos terrígenos, trazidos pelas águas, detritos esses que formam depósitos que evoluem para rochas sedimentares detríticas. Se a subsidência é lenta a vegetação é mais exuberante, aumentando a deposição de detritos orgânicos que evoluem para leitos de carvão. Assim, alternam leitos de carvão com leitos de rochas sedimentares.
Classificações mais actuais não consideram o petróleo uma rocha, é considerado um fluido de origem biogénica com uma percentagem variável de gases. Na legislação portuguesa o termo petróleo designa toda a concentração ou mistura natural de hidrocarbonetos líquidos, o petróleo bruto, ou gasosos, o gás natural. O petróleo na Geologia pode ainda incluir os produtos sólidos que se designam por asfalto ou betumes.
A formação dos hidrocarbonetos que formam o petróleo resulta da conjugação de uma série de fenómenos naturais. O plâncton deposita-se em ambientes aquáticos pouco pro9undos, pouco agitados e pobres em oxigénio. A rápida deposição dos sedimentos isola estes restos orgânicos das bactérias decompositoras. O petróleo forma-se no interior de camadas de natureza argilosa ou carbonatada que são designadas de rochas-mãe. A compactação e o afundimento( 2000 a 3000m) destas camadas provoca alterações físico-quimicas ( temperatura entre os 80 e os 120 ºC) durante milhões de anos o que leva a que aquela matéria orgânica se transforme num liquido negro e espesso que se designa de petróleo, com alguns hodrocarbonetos sólidos em solução). Se o afundimento continuar o petróleo vai ficando mais fluido e vai-se transformando em gás-natural. Depois de formado o petróleo tende a migrar para níveis superiores pois é menos denso que os restantes fluidos das rochas-mãe Se migrar livremente o mais provável é que venha a perder-se na superfície terrestre ou da água. Se na sua ascensão encontrar rochas de baixa permeabilidade, as rochas-cobertura, como as argilas, que impedem as ascensão do petróleo, funcionando como barreiras, e pode encontrar rochas porosas e permeáveis onde pode armazenar-se, as rochas-armazém como arenitos e calcários. Para que ocorram acumulações consideráveis de petróleo é necessária a presença de estruturas geológicas favoráveis, as armadilhas petrolífera, como as dobras e as falhas. Reunidas estas condições podem formar-se reservatórios de petróleo. Nestes é vulgar encontrar água salgada que pode ser água remanescente daquela que ficou aprisionada entre os sedimentos ou água resultante das infiltrações verificadas à superfície.Furos de sondagem petrolífera, realizados em Portugal, não revelaram, até hoje, indícios de petróleo ou mostraram ocorrências sem valor comercial, como é o caso da extracção de alguns milhares de litros de petróleo, de baixa qualidade, na zona de Torres Vedras

Rochas sedimentares

Processos de formação de rochas sedimentares

A Terra apresenta uma geodinâmica interna e externa, isto é, é um planeta geologicamente activo.
A geodinâmica externa é alimentada pelo Sol. O calor solar fornece a energia suficiente para que ocorra o ciclo da água e consequentemente a alteração do relevo.
O motor da geodinâmica interna é o calor do interior da Terra, a geotermia, que acciona os movimentos de convecção e, consequentemente os movimentos das placas.
Na sequência desta dinâmica formam-se as rochas sedimentares, magmáticas e metamórficas, as quais se interrelacionam de forma dinâmica.
O ciclo das rochas mostra teoricamente a reciclagem das rochas à medida que elas se formam, se destroem e se transformam.
As rochas além de serem recursos minerais são testemunhos da dinâmica do planeta e por isso permitem estudar a história da Terra.
As rochas são associações de minerais compatíveis entre si e com as condições ambientais em que foram originadas, essencialmente de pressão e de temperatura.
As rochas sedimentares ocupam um pequeno volume da crosta da Terra mas ocupam uma grande área relativamente à superfície exposta
A génese das rochas metamórficas implica a formação de materiais que as vão constituir, a sedimentogénese e a evolução desses sedimentos, a diagénese.
A sedimentogénese envolve a meteorização, a erosão, o transporte e a sedimentação.
Os processos de meteorização alteram as características primárias das rochas, fragmentando-as, a erosão remove os materiais resultantes da meteorização.
A meteorização física ou mecânica inclui os vários processos que fragmentam a rocha em pedaços mais pequenos que não sofrem alterações na composição química comparativamente à rocha original.
Neste tipo de meteorização incluem-se processos como a acção da água, a acção do gelo, a acção do calor, a acção dos seres vivos, o crescimento de minerais e o alívio de pressão.
A alternância de períodos secos com períodos de forte humidade, resultantes da variação cíclica dos teores em água das rochas, originam aumento de volume e retracções, gerando tensões que conduzem à fracturação e, eventualmente, à desagregação do material rochoso. A própria acção da água da chuva sobre as rochas também contribui para a sua meteorização.
Por diminuição da temperatura, a água que penetra nas fracturas e nos poros da rocha pode gelar, aumenta de volume e exerce forças que aumentam as fissuras já existentes, ou originam novas fissuras, contribuindo para a desagregação da rocha.
Quanto mais fendas e cavidades cheias de água existirem, maior será a fragmentação causada pelo gelo. Por isso rochas porosas e fissuradas desagregam-se com mais facilidade.
Em regiões com forte amplitude térmica diária, por exemplo os desertos, esta variação implica uma alteração do volume das rochas. Um aumento de temperatura implica dilatação e um arrefecimento implica contracção. Este movimento sistemático leva a uma grande fracturação das rochas com formação de materiais soltos.
A implantação das sementes nas fracturas de rochas porosas e com fraca resistência pode contribuir para a desagregação das mesmas. As suas raízes são responsáveis pelo alargamento das fendas pré-existentes, com consequente separação dos blocos rochosos.
Os ventos fazem balançar as árvores obrigam ao alargamento das fendas das rochas onde estão implementadas, facilitando a acção de outros agentes erosivos.
Certos animais como os texugos, coelhos e minhocas cavam tocas ou galerias que aumentam o grau de desagregação da rocha ou expõem a outros agentes de meteorização.
A água que existe nas fracturas e poros das rochas contém sais dissolvidos que podem precipitar e iniciar o seu crescimento ou haloclastia, exercendo uma força expansiva, que contribui para uma maior desagregação da rocha. Nas zonas costeiras o crescimento da halite é um exemplo deste processo.
A redução da pressão sobre uma massa rochosa pode causar a sua expansão e posterior fragmentação. As rochas formadas a grande profundidade como as magmáticas plutónicas, quando são aliviadas do peso das rochas suprajacentes, expandem, fracturam e formam diáclases.
Por vezes, este alívio de pressão provoca o aparecimento de camadas concêntricas de capas semelhantes a escamas de cebola, designando-se por disjunção esferoidal.
Na meteorização química ocorre alteração da composição química e na composição mineralógica. Este processo é tanto mais intenso quanto maior for o estado de desagregação física das rochas. A meteorização química inclui diversas reacções químicas que ocorrem com mais facilidade na presença de água e do ar atmosférico.
Na dissolução ocorre a reacção dos minerais com água ou com um ácido, e ficam dissolvidos numa solução. Na hidratação ocorre a combinação química de minerais com a água e na desidratação ocorre a remoção da água dos minerais. No caso da hidratação ocorre um aumento de volume que facilita a desintegração das rochas por acção da hidrólise. Nesta reacção os catiões da estrutura de um mineral são substituídos pelos iões de hidrogénio. A oxidação é um processo pelo qual ocorre a perda de electrões e a redução ocorre ganho de electrões e por isso são processos que estão ligados entre si.
Todos os seres vivos, em resultados de processos metabólicos, produzem fluidos que podem provocar reacções químicas quando em contacto com sãs rochas. É uma meteorização química-biológica.
O granito é uma rocha magmática, plutónica, muito comum no nosso país. O seu afloramento pode ocorrer devido aos movimentos da crosta ou à remoção das camadas suprajacentes. O granito fica exposto a condições de pressão e de temperatura diferentes daquelas em foi gerado. Os minerais que o constituem alteram-se devido às novas condições ambientais. Os maciços graníticos apresentam diáclases, que são superfícies de fractura provocadas pelas tensões internas da crosta ou devido à descompressão. A rede de diáclases favorece a alteração da rocha, pois as zonas dos bordos dos blocos aproximadamente paralelepipedicos, tornam-se mais frágeis. Nestas zonas mais expostas os minerais perdem a coesão e desintegram-se gradualmente, convertendo-se em areia grosseira que será arrastada pelas águas de escorrência. Esta arenização leva à formação de blocos arredondados pois os vértices desaparecem. Formam bolas amontoadas formando uma paisagem, o caos de blocos. O granito é constituído por quartzo, feldspatos e micas. O quartzo mantém-se durante a meteorização pois é um mineral muito duro e por isso resistente à meteorização. As micas e os feldspatos desaparecem sucessivamente e dão origem a óxidos de ferro e a minerais de argila.
Após a meteorização ocorre a erosão, processo pelo qual os agentes erosivos, principalmente a água e o vento arrancam e separam os fragmentos da rocha-mãe. As águas das chuvas são responsáveis pela formação de sulcos profundos nos solos, as ravinas. As águas da chuva também podem remover o solo em torno de rochas enquanto que o que fica por baixo da rocha está protegido e endurece, formando estruturas que se designam chaminés de fadas.
A acção erosiva do vento consiste na remoção de partículas deixando a descoberto a rocha que fica sujeita à meteorização, e esta partículas movimentadas pelo vento podem desgastar as rochas, agindo como se fossem lixas, preferencialmente ao nível do solo, podendo originar estruturas pedunculadas.
Geralmente os materiais resultantes da meteorização não permanecem no local de formação. A força exercida pelos agentes erosivos é suficiente para iniciar o transporte desses materiais. Os agentes de transporte mais importantes são a água, a gravidade terrestre e o vento. O transporte pelo vento pode realizar-se por suspensão, por saltação e por deslizamento. A força exercida pela aceleração da gravidade faz com que os materiais se soltem e deslizem das zonas mais altas para as zonas mais baixas. A água é o principal agente de transporte dos materiais removidos. O transporte efectuado pela água dá-se preferencialmente nos estados sólido, gelo dos glaciares, e líquido, águas selvagens, torrentes, rios, lagos, águas subterrâneas e mares. Durante o transporte os detritos experimentam arredondamento devido aos choques entre eles e ao atrito com as rochas da superfície, e experimentam granotriagem pois as partículas são seleccionadas e separadas de acordo com o tamanho, a forma e a densidade. Um sedimento é bem calibrado quando os detritos têm aproximadamente o mesmo tamanho.
Em locais onde a acção dos agentes de erosão e transporte se anula ocorre a deposição dos materiais, a sedimentação. Para além dos detritos também se podem depositar novos minerais resultantes da meteorização química, minerais de precipitação das substâncias em solução e matéria orgânica, como as plantas mortas. A deposição pode ocorrer no interior dos continentes (ex: lagos, rios), nos limites continente-oceano (ex:praias, deltas) e nos oceanos (ex: plataforma continental, planície abissal).
Os sedimentos podem ser detríticos ou clastos resultantes da alteração de outras rochas, sedimentos de origem química, resultantes da precipitação de substâncias dissolvidas na água e sedimentos biogénicos, compostos por restos de seres vivos ou produtos resultantes da sua actividade.
A deposição dá-se segundo camadas sobrepostas, horizontais e paralelas que se denominam os estratos e distinguem-se pela cor, pela composição ou pela granularidade. As superfícies que separam diferentes estratos chamam-se juntas de estratificação. O estrato que recobre um determinado estrato em estufa chama-se tecto e o que fica por baixo é o muro. Por vezes a estratificação é entrecruzada o que revela um a variação na intensidade e /ou na direcção do agente de transporte.
A diagénese é o conjunto de fenómenos físicos e químicos que transforma os sedimentos móveis em rochas sedimentares consolidadas. Envolve a compactação e desidratação, a cimentação e a recristalização.
Na compactação vai ocorrendo a deposição, os sedimentos são sucessivamente comprimidos por acção dos novos sedimentos que sobre eles se vão depositando. Os materiais subjacentes são sujeitos a um aumento da pressão crescente, o que provoca a expulsão da água que existe entre eles (desidratação) e a diminuição da porosidade, com consequente diminuição do seu volume. A rocha torna-se mais compacta e densa.
Entre os espaços dos diferentes sedimentos pode ocorrer a precipitação de substâncias químicas dissolvidas na água, tais como a sílica, o carbonato de cálcio e os óxidos de ferro formando um cimento. Quando os sedimentos são muito finos, os poros são muito pequenos para a circulação de água. A consolidação é apenas devida à compactação. Noutras situações, nos espaços entre os sedimentos de maiores dimensões depositam-se partículas muito finas transportadas pela água, formando uma matriz que liga os materiais.
Pode também ocorrer a recristalização, pois alguns minerais alteram as suas estruturas cristalinas.

Os Minerais

OS MINERAIS: PROPRIEDADES

Um mineral é uma substância sólida, natural e inorgânica, de estrutura cristalina e com composição química fixa ou variável dentro de limites bem definidos. Na natureza existem substâncias sólidas, naturais e inorgânicas mas que não têm uma estrutura cristalina, ou seja as suas partículas constituintes não definem uma distribuição regular no espaço. São os mineralóides como a opala.
Na identificação dos minerais recorre-se a um conjunto de propriedades químicas e físicas.
Um exemplo de um teste químico é o teste do sabor salgado para a halite ou então da efervescência produzida por acção de um ácido. A calcite e outros carbonatos reagem com o ácido clorídrico, fazendo efervescência devido à libertação de dióxido de carbono, durante a reacção.
Devido ao elevado custo de alguns ensaios químicos as propriedades físicas são as mais usadas.
O brilho é a propriedade que se refere à intensidade de luz reflectida por uma superfície de fractura recente do mineral em estudo. Os minerais podem ter brilho metálico, como a prata, brilho submetálico como a volframite, de brilho menos intenso que o metálico e não metálico como o quartzo. Neste caso existem designações particulares para classificar o brilho como o adamantino no caso do diamante.
A cor deve ser observada numa superfície de fractura recente, à luz natural. Alguns minerais apresentam uma cor constante, qualquer que seja a amostra observada, são minerais idiocromáticos. Geralmente são os minerais metálicos. Outros apresentam uma gama variada de cores, são os minerais alocromáticos geralmente de brilho não metálico.
A clivagem é a propriedade física que traduz a tendência de alguns minerais para fragmentarem, por aplicação de uma força mecânica, segundo superfícies planas e brilhantes, de direcções bem definidas e constantes. Os planos de clivagem correspondem a superfícies de fraqueza da estrutura cristalina dos minerais.
A fractura revela que todas as ligações são igualmente fortes, qualquer que seja a direcção considerada. As superfícies de fractura não se repetem paralelamente a si mesmas e podem apresentar diferentes aspectos.
A dureza de um mineral é a resistência que ele oferece ao ser riscado por outro mineral. A escala de Mohs, composta por dez minerais de dureza conhecida, permite determinar a dureza relativa de um mineral mediante a facilidade ou a dificuldade com que é riscado por outro. Diz-se que um mineral é mais duro que outro se, e só se, o riscar, sem se deixar riscar por ele; dois minerais têm a mesma dureza se se riscam ou não se riscam mutuamente. Se o mineral risca determinado termo, não sendo riscado por ele, e é riscado pelo termo imediatamente superior, não o riscando, a dureza do mineral fica compreendida entre a dureza dos dois termos acrescentando-se 0.5 ao termo inferior. Os termos da escala devem ser percorridos do mais duro para o menos duro a fim de se evitar o constante desgaste dos minerais menos duros. Para abreviar o processo de determinação da dureza e para evitar a deterioração rápida dos termos menos duros da escala de Mohs, deve recorrer-se a ensaios preliminares que delimitam as zonas da escala em que a dureza do mineral em estudo deve situar-se. A dureza é uma propriedade geologicamente importante porque traduz a facilidade ou dificuldade com que um mineral se desgasta quando submetido à acção abrasiva de cursos de água, do vento e dos glaciares nos processos de erosão e transporte. Uma desvantagem da utilização da escala de Mohs é que o aumento da dureza absoluta entre os diferentes termos não é sempre o mesmo, fazendo-se de um modo descontínuo.
O traço ou risca é a cor de um mineral quando reduzido a pó, numa superfície despolida de porcelana. Este método é apenas aplicável nos minerais com dureza inferior à da porcelana. No caso dos minerais de dureza superior, para determinar a risca, reduz-se a pó uma pequena amostra do mineral em estudo, num almofariz. Geralmente a cor de um mineral não coincide com a cor do traço, mas o traço é uma propriedade constante enquanto que a cor é variável.
A densidade depende da estrutura cristalina do mineral, nomeadamente dos seus constituintes e do seu arranjo, mais ou menos compacto. A densidade traduz a massa por unidade de volume. A densidade do mineral, utilizando a balança de Jolly, consiste na relação entre o peso de um determinado volume de mineral e o peso de igual volume de água a 4ºC.

Recursos Minerais

Recursos naturais

Tal como os outros seres vivos, também o ser humano vai buscar à Natureza os alimentos e os materiais que são essenciais à sua vida. Designam-se por Recursos Naturais todos os elementos disponíveis pela Natureza e susceptíveis de satisfazerem as necessidades do ser humano. São exemplos de recursos naturais: os recursos minerais, biológicos, hídricos e energéticos.
À escala de duração da vida humana, certos recursos, como florestas, água, solo, animais, podem ser renovados rapidamente. São recursos que não se esgotam com grande facilidade, apesar de serem muito explorados pelo Homem, pois são naturalmente renovados – designam-se por recursos renováveis. Contudo, se ritmo de consumo for mais rápido que a taxa de renovação, ou se a sua utilização for feita de uma forma não racional, um recurso renovável pode ser esgotado ou degradado.
Os recursos naturais que existem na crosta terrestre e cuja formação envolve processos geológicos com duração de milhares ou milhões de anos, são chamados de recursos não renováveis, como por exemplo os recursos minerais e os combustíveis fósseis pois têm uma taxa de exploração muito elevada

RECURSOS MINERAIS
Segundo a legislação portuguesa os recursos geológicos são todos os bens naturais de natureza geológica existentes na crosta terrestre e que são passíveis de aproveitamento.
Recursos minerais são acumulações de rochas e minerais que constituem a crusta terrestre e que quando são economicamente rentáveis para o Homem designam-se por jazidas minerais. Os recursos minerais podem ser classificados, segundo as suas propriedades, sendo assim podem designar-se metálicos (por exemplo, o ferro, alumínio, titânio, manganês, o cobre, chumbo e zinco) e não-metálicos (areias e cascalhos, fosfatos, nitratos, sal).
Muitos minerais são matérias-primas vitais para o Homem, apresentando uma grande importância industrial e social, sendo a sua descoberta e exploração essenciais para o progresso do Homem. A história da utilização dos minerais resulta da observação dos achados arqueológicos. O homem pré-histórico, no Paleolítico (período da pedra lascada), para cobrir as suas necessidades, fez uso do sílex e outras variedades de quartzo. Nas sociedades Neolíticas, o homem usou gemas (minerais utilizados em joalharia e ourivesaria) como moeda de troca. Quando descobriu os metais (ouro, cobre, estanho, ferro) passou a fazer uso deles. O conhecimento dos metais e a sua utilização caracterizou alguns períodos da antiguidade, como a Idade do bronze ou a Idade do ferro. Actualmente, o homem faz uso directo ou indirecto de quase todos os minerais conhecidos.
Ao longo da história da Humanidade, a descoberta de muitos minerais e o seu processo de transformação foi importante para a melhoria das condições de vida do ser humano. Nas nossas actividades diárias usamos os mais variados objectos e materiais, sem imaginarmos o que eles contém ou quais os processos de transformação que as matérias-primas que o constituem experimentam até se conseguir o objecto que utilizamos. Os recursos minerais estão associados a todos os electrodomésticos, meios de transporte, e à grande maioria de utensílios que usamos, como por exemplo as pilhas, lápis, materiais de vidro, etc.
Portugal é um país de tradição mineira, apesar de, actualmente, ser considerado um país de poucos recursos minerais, devido ao facto de a sua exploração não ser economicamente rentável.

RECURSOS MINERAIS: Extracção e consequências.

Estando o seu início ligado à peneiragem do fundo dos rios, em busca dos materiais provenientes da erosão das rochas pela água ou vento, a exploração da matéria mineral evoluiu em função da maior procura de matéria-prima.
Assim, de um tipo rudimentar de exploração, baseada em utilização de peneiras e baldes transportados por homens, passou-se para uma extracção mineira exercida no local onde o minério está aprisionado, através da abertura de túneis penetrando no interior da Terra.
A extracção de recursos minerais é realizada maioritariamente através da exploração de minas. Estas minas podem ser constituídas por galerias que penetram na crosta terrestre, construídas mantendo toda a extracção debaixo do solo, ou pode ser feita numa mina a céu aberto, como no caso de muitas pedreiras.
A construção de galerias é sequencial, sendo o local de exploração perfurado mais profundamente quando se esgota o minério mais próximo da superfície, e se é verificada a existência de reserva de minério suficientemente lucrativa. Nestes casos os mineiros descem todos os dias até aos locais, cada vez mais profundos, onde os recursos estão em maior quantidade. Este é um tipo dispendioso de exploração mineira, pois é necessário criar galerias seguras, extraindo a rocha que ocupava os espaços da galeria para o exterior e assegurando que a estrutura da mina não colapsa com o peso que suporta.
Além do perigo de desabamento, as minas de galerias caracterizam-se também pela falta de oxigénio e pela presença de gases tóxicos no ar dentro dos túneis. Para prevenir estes perigos, eram levados animais que reagiam em caso de alarme; ratos e certas espécies de aves alertavam os mineiros. Hoje em dia são usados sensores. A surdez e a cegueira são também problemas associados à profissão de mineiro em galerias.
A mina a céu aberto é mais viável economicamente, pois não existe uma necessidade de criar galerias seguras, mas tudo se faz ao ar livre. É contudo um processo muito mais poluente.
A poluição provocada pela exploração mineira é imensa, abrangendo desde poluição atmosférica, pelos fumos extraídos das galerias e do pó, muitas vezes tóxico, que é produzido pela extracção e despejo dos desperdícios desta exploração. Estes produtos poluidores do ar são a causa de muitas doenças respiratórias nos seres vivos que vivem em zonas limítrofes da zona explorada, e podem até afectar, através da propagação pelo vento por exemplo, zonas bastante afastadas.
A poluição aquática é contudo o grande problema da extracção mineira, pela quantidade de fontes poluidoras ao longo do processo. Desde a extracção em si, pela água usada na refrigeração das máquinas (que vai depois contaminar directamente os lençóis freáticos), à lixiviação dos desperdícios acumulados em grandes quantidades junto do local de extracção, que vão trazer, pela dissolução na água da chuva, os produtos que faziam parte das rochas extraídas, a água usada nas diversas lavagens, que levam consigo contaminantes para o ambiente (produtos como metais pesados - cádmio, magnésio, chumbo, mercúrio, selénio, cobre, alumínio, arsénico, … que provocam graves problemas de saúde).
Uma autêntica sopa tóxica é adicionada ao meio ambiente, sendo carregada pela água das chuvas e utilizada na própria extracção para os lençóis freáticos, e posteriormente para os leitos de rios, onde vão acumular-se nas cadeias tróficas; põe-se assim em risco a Biodiversidade dos ecossistemas em que estas explorações se incluem, criando até uma situação de risco para a saúde pública humana, já que nós próprios somos consumidores destes produtos afectados, em maior ou menor escala (dos produtos agrícolas aos peixes recolhidos em zonas próximas).
O maior risco destas explorações é a sua opção preferencial pelo lucro em detrimento da qualidade do ambiente em que se inserem; embora seja obrigatória a elaboração de estudos que permitam minimizar danos, em que devem estar contempladas medidas de prevenção de impactos negativos, assim como regeneração do espaço no fim da exploração, estes raramente são respeitados pelos responsáveis pela extracção dos recursos, ficando muitas vezes os locais abandonados, em minas a céu aberto ou em galerias, constituindo perigo imediato de acidentes pessoais (com crianças, por exemplo) e de médio-longo prazo, na medida em que os produtos expostos mantém a sua acção poluidora muito além do final da actividade de exploração. Esta prática é justificada com o retorno à exploração do local a qualquer momento, o que impede a acção renovadora e reparadora no local afectado.
É então urgente que haja consciencia da ameaça bem real que uma mina constitui, para que soluções sejam procuradas e efectivamente aplicadas, e de novo o ambiente possa regenerar-se.