Jornal de Estudo

Wednesday, February 21, 2007

Lição 107 e 108

Do Darwinismo à Teoria Sintética da Evolução

A Teoria da Selecção Natural deixou por responder, na altura da sua apresentação, certas questões: os mecanismos responsáveis pelas variações verificadas nas espécies e o modo como essas variações se transmitiam de geração em geração.
O desenvolvimento de outras ciências, e os dados que estas forneceram, permitiram obter algumas respostas, sendo a área da Genética a que talvez mais tenha contribuído.
Com o crescimento desta ciência, foi possível responder com a descoberta das mutações e da recombinação genética ao mecanismo de produção de variabilidade intraespecifica, e com o funcionamento do processo reprodutivo a nível cromossómico à forma de transmissão da informação génica à descendência.
O paralelismo com o darwinismo faz-se na selecção que o meio, com as suas variações, exerce sobre o fenótipo; este é fruto da expressão do genótipo.
Pela interpretação neodarwinista, População é então conjunto de indivíduos da mesma espécie que, num dado momento ocupam uma determinada área, Fundo Genético é o conjunto de todos os genes presentes numa população num dado momento e Evolução é uma mudança no fundo genético das populações.
Populações que estão no seu conjunto bem adaptadas ao meio em que vivem possuem um fundo genético restricto, e uma variação no meio pode ser grandemente prejudicial para a população em causa; populações com um fundo genético muito diversificado devem apresentar variabilidade suficiente para resistir a variações do meio em que a mesma se insere.
A reprodução sexuada e diversificada entre indivíduos com variação nas características aumenta a variabilidade e permite a uma população estar melhor preparada para enfrentar variações impostas pelo meio nas condições que oferece.

Lição 107 e 108

O Darwinismo e suas bases teóricas

Darwin foi influenciado pelo trabalho desenvolvido em várias áreas da Ciência: Geologia (Lyell, com a sua teoria do uniformitarismo, segundo a qual as leis naturais são constantes no espaço e no tempo, o passado deve ser explicado partindo de dados do presente e a história da Terra caracteriza-se por constantes mudanças lentas e graduais); Biogeografia, compreendendo que espécies de seres vivos semelhantes entre si, diferindo apenas em certas características distintivas (como a alimentação, p. e.), têm provavelmente uma origem comum; Matemática, na qual Malthus postulou que as populações têm crescimento exponencial, enquanto os recursos crescem apenas de forma aritmética; dados de selecção artificial, provenientes da columbofilia (o seu hobbie), na prática do qual verificou ser possível, através de cruzamentos planeados, isolar e evidenciar certas características dos seres vivos). Baseando-se em todos estes dados, desenvolveu a sua teoria da selecção natural. Nesta, ele sugere que dentro de cada população os indivíduos apresentam variações nas suas características. O meio, pela exposição das populações às condições físicas, promove uma selecção, que se revela na sobrevivência e consequente reprodução diferencial de indivíduos; os mais aptos a sobreviver em determinado meio, sobrevivem mais tempo e reproduzem-se mais, deixando mais descendência e modelando as gerações futuras dessa população. A sua ideia baseava-se no preceito de que é a presença de uma estrutura que determina a possibilidade de efectuar uma certa função; quando a capacidade de realizar uma função se revela qualitativa para o ser vivo no meio em que este se insere, este consegue então uma vantagem em relação aos seus companheiros da mesma população, que se mostra no resultado da selecção natural. Daqui advém um maior potencial reprodutivo para quem possui esta vantagem, pelo que esta característica é mais facilmente transmitida e multiplicada na geração seguinte.
Os argumentos do evolucionismo

As teorias evolucionistas têm vários argumentos a apoiá-las:
A anatomia comparada, um dos principais factores desencadeadores da ideia na mente de Darwin foi a comparação entre seres muito semelhantes, mas contudo adaptados a diferentes habitats; os chamados tentilhões de Darwin, por exemplo, são um grupo de aves, vizinhas na mesma ilha, mas possuidoras de diferenças ao nível morfológico, que Charles Darwin associou à diferente alimentação destas aves. Assim, da comparação das estruturas em seres vivos de diferentes grupos veio a constatação que existiam algumas que, apresentando funções diferentes, eram constituídas por peças com a mesma origem embriológica e um plano de organização estrutural semelhante embora podendo assumir aspectos diferentes; estas estruturas, pela sua origem comum, denominam-se estruturas homólogas. Os seres que possuem estas estruturas apresentam evolução divergente, pois foram sujeitos a pressões selectivas diferentes. Outras estruturas revelavam adaptação a uma mesma função, embora com evidente origem díspar; a estas estruturas semelhantes na função, mas diferentes na origem, chamam-se estruturas análogas. Os seres vivos que as possuem sofreram evolução convergente, pois embora com origens diferentes sofreram a mesma pressão selectiva. Em certos seres vivos, não é a presença explícita de estruturas que ajuda na sua classificação, mas sim os seus vestígios, que permitem concluir qual a proveniência filogenética destes seres vivos. Nas baleias, p. e., a presença de fémur e pélvis vestigiais auxiliaram na sua classificação como tetrápodes.
A Paleontologia também deu o seu contributo, já que sendo o seu objecto de estudo os fósseis, forneceu diversos dados históricos que evidenciam a existência no passado de grupos de seres vivos já extintos; trouxe ainda à luz da Ciência diversas provas da existência passada de seres vivos que demonstram a passagem evolutiva de uns grupos para outros. Assim, estas formas sintéticas ou intermédias comprovam a ligação, durante o processo evolutivo, entre grupos hoje aparentemente muito diversos, como os répteis e os mamíferos. Olhar os dados paleontológicos associados aos dados provindos da Geologia permitem reconstruir a história da vida, indo acrescentado as vírgulas e pontos à medida que novos fósseis vão sendo descobertos e estudados, e a conjugação interdisciplinar vai sendo melhorada. Seres vivos como o ornitorrinco são considerados fósseis vivos, pois ainda existem na actualidade, mas já existem representantes fossilizados. Este animal também é uma forma intermédia, pois apresenta características de diferentes grupos filogenéticos.
Citologicamente também existem argumentos favoráveis ao evolucionismo. A universalidade do código genético, baseada no DNA em todos os organismos vivos, e a síntese proteica, o isolamento dos meios intra e extra-celular por uma membrana formada por uma dupla camada fosfolípida, entre outras similitudes (a principal divisão dos seres vivos pode ser feita em dois grandes grupos, os eucariontes e os procariontes, que se baseia em vários fundamentos racionais), são alguns dos argumentos que deixam pouco espaço a dúvidas sobre uma origem comum de todos os seres vivos. Contudo, os criacionistas utilizam também estes dados científicos para suportar a ideia da origem de toda a vida a partir de um mesmo momento de inspiração divina…
O estudo comparativo da ontogenia dos seres vivos revela ligações filogenéticas, já que estes, durante o desenvolvimento embrionário, apresentam semelhanças entre si. Podem comparar-se embriões entre si, mas não deve estabelecer-se correspondência entre formas embrionárias e formas de antepassados adultos.
Por fim, a Bioquímica é talvez a Ciência que mais dados tem fornecido para suportar o evolucionismo, pois as semelhanças entre processos dentro das células, e entre as bases das moléculas orgânicas, e a sua interligação é de tal ordem, que é possível hoje delinear estudos em seres muito simples e aplicá-los posteriormente a seres mais complexos, como os seres humanos. O exemplo da possibilidade de produção de insulina por bactérias, sendo depois aplicada em humanos com taxas de sucesso altíssimas prova sem qualquer dúvida a existência de uma ligação passada profunda entre todas as formas de vida terrestre.

Lição 105 e 106

História das Teorias Explicativas da Biodiversidade: do Fixismo ao Evolucionismo

A primeira teoria explicativa da Biodiversidade de que há registo foi sugerida pelos filósofos gregos da Antiguidade, nomeadamente Aristóteles. A sua teoria sugeria a geração espontânea como origem de alguns seres vivos, e a intervenção do Princípio vivo sobre a matéria inerte, dando-lhe forma e vida. Assim explicava o surgimento, p. e., de moscas a partir de carne putrefacta. A partir da sua formação, as espécies mantinham-se imutadas. A classificação sugerida para catalogar a Natureza viva era uma escala natural, hierárquica e progressiva em direcção ao Homem.
A teoria criacionista teísta professa um início num tempo não superior a 6000 anos, tendo a vida a sua origem na intervenção directa de um Criador, o Deus único das religiões monoteístas. Num momento preciso, que decorreu em 6 dias de inspiração divina, todos os seres vivos foram criados tal como são observáveis actualmente. O Homem ficou, segundo as Escrituras, encarregue da Criação divina.
A ideia criacionista manteve-se até ao século XVIII sem objecção séria, inclusive vários cientistas de renome e com trabalho valoroso, por causa das suas convicções religiosas, não foram capazes de compreender ou aceitar as conclusões óbvias dos seus resultados. Lineu não viu na sua classificação que esta representava a filogenia e as relações evolutivas entre as espécies.
Cuvier, embora reconhecendo que os fósseis eram restos de seres vivos que viveram no passado, não tendo representação na actual fauna e flora, explicou este facto suportando a teoria criacionista, completando-a com a sua teoria catastrofista, na qual propunha que certos episódios catastróficos, promovidos por uma entidade divina, dizimavam a vida em determinados locais, sendo estes posteriormente repovoados por formas de vida existentes em locais vizinhos. Os seus discípulos radicalizaram a sua teoria, acrescentando que Deus promovia, de tempos a tempos, o dizimar de toda a Biodiversidade, criando de novo outras formas de vida para ocupar os locais, agora vazios.
O lamarckismo é considerada a primeira teoria evolucionista explicativa da Biodiversidade. Baseia-se em dois propósitos essenciais: uma certa dificuldade verificada por um indivíduo cria a necessidade de cumprimento de certas funções, que é resolvida pelo aparecimento ou desenvolvimento de órgãos adaptados a essas funções (Lei do uso e do desuso); as estruturas desenvolvidas para o desempenho de determinadas funções são tanto mais desenvolvidas quanto mais necessárias são ao normal funcionamento do ser vivo; estas estruturas, e o seu diferencial desenvolvimento, vão sendo transmitidas à descendência, evidenciando as crias as características presentes nos progenitores (Lei da transmissão dos caracteres adquiridos). Exemplos da actualidade desta teoria ainda hoje, embora seja em situações pontuais e excepcionais, são as transmissões de plasmídeos entre bactérias, ou a influência do meio na síntese e funcionamento de proteínas.

Lição 95 e 96

As vantagens da Multicelularidade

O aumento da complexidade dos seres vivos não consiste num objectivo em termos evolutivos, mas apenas uma consequência do facto de haver um mínimo de complexidade para a existência de vida. A partir do mínimo de complexidade, a vida só pode crescer em termos evolutivos no sentido do aumento da complexidade, crescendo junto do mínimo de complexidade apenas em número e variedade.
A multicelularidade depende do nível de diferenciação celular no conjunto de células em estudo. Quando o nível de diferenciação é baixo, apenas se admite o estado colonial. Volvox, por exemplo, é uma colónia esférica de algas verdes que possui células todas semelhantes, excepto as reprodutoras. Esta especialização não é suficiente para considerar Volvox um ser pluricelular.
O registo fóssil não esclarece em profundidade qual a origem da multicelularidade; contudo, através do estudo da Biodiversidade actual, pode-se inferir que esta surgiu da unicelularidade, tendo na colonialidade um passo intermédio.
Quando as dimensões de uma célula aumentam, verifica-se que a razão entre a área e o volume diminui, pois a superfície não aumenta tanto como o volume. Deste modo, embora aumente o metabolismo celular, a eficácia das trocas com o meio externo não aumenta, pois a superfície não aumenta na mesma proporção. Assim, o indivíduo unicelular que aumenta de tamanho, para sobreviver ou reduz o metabolismo (como é o caso da Acetabulária) ou apresenta multicelularidade.
Na actualidade a multicelularidade ocorre apenas nos eucariontes e caracteriza-se por uma associação de células em que há interdependência estrutural e funcional entre as células associadas.
A multicelularidade permite: grande diversidade de formas, o que facilita uma adaptação aos diferentes ambientes, sobrevivência de seres de maiores dimensões sem problemas quanto às trocas com o meio externo, a diferenciação permite aumentar a eficácia na utilização da energia e possibilita aos indivíduos uma maior independência em relação ao meio externo.

Lição 91 e 92

A origem das células eucarióticas: modelos autossómico e endossimbiótico

Todos os seres vivos são constituídos por células, desde as pequenas bactérias ao maior organismo à superfície da Terra, a baleia-azul.

As células podem ser divididas em dois grandes grupos: as procarióticas, que não possuem núcleo indiferenciado nem organelos membranares, e as eucarióticas, que possuem estas estruturas.

Existem dois modelos explicativos para a origem das células eucarióticas, e ambos sugerem a ligação às células procarióticas, estruturalmente mais simples. O Modelo autogénico sugere que a compartimentação das estruturas celulares dos eucariontes surgiu a partir de invaginações da membrana plasmática numa célula eucarionte, e de especialização das estruturas formadas em funções específicas, sendo estas características depois passadas aos descendentes; o Modelo endossimbiótico defende que os organelos membranares têm a sua origem na endocitose de células procarióticas por outros procariontes de maiores dimensões. Em vez de ocorrer a digestão das células, criaram-se relações benéficas para ambas as células envolvidas. Assim, mantendo ambas as capacidades de manutenção e divisão independentes, foram acertando os tempos de reprodução, até chegar à situação de harmonia observada actualmente, em que a sintonia é de tal ordem que as mitocôndrias (que terão tido origem em procariontes capazes de produzir energia a partir do oxigénio e de uma fonte orgânica de carbono, ou seja, realizar respiração) e os cloroplastos (que terão tido origem em procariontes fotossintéticos) são hoje indispensáveis no funcionamento da célula que os alberga, e tendo estas duas estruturas perdido a sua capacidade de sobrevivência fora do ambiente celular em que se inserem.
O Modelo endossimbiótico é hoje o mais aceite, embora tenha sido ridicularizado quando foi apresentado, em 1920, tendo apenas sido aceite, a muito custo, em 1967 quando reapresentado por Lynn Margulis. Os argumentos que apoiam este modelo prendem-se com as semelhanças destes organelos com os seres procariontes, no tamanho, na estrutura, na presença no seu interior de porções circulares de DNA e os ribossomas aqui encontrados serem diferentes dos que se encontram no citoplasma de células eucarióticas, e muito semelhantes aos dos procariontes.
Esta passagem do procarionte para o eucarionte não foi ainda encontrada no registo fóssil; contudo, diversas observações do mundo vivo actual permitem observar diversos exemplos de simbiose entre seres vivos de grupos bastante diversos, como é o exemplo dos líquenes (algas ou cianobactérias + fungos) e do Rhizobium, que se aloja no interior das raízes das Leguminosas, por exemplo, e aproveita o alimento orgânico produzido pela planta, fornecendo-lhe em troca certos nutrientes, como o azoto.
Unicelularidade e Multicelularidade
Alguns organismos são unicelulares, outros juntam-se em colónias, mas mantêm a sua identidade como indivíduos de apenas uma célula, embora estas colónias possam já apresentar um certo nível de diferenciação celular, outros têm os seus organismos constituídos por uma multiplitude de células que trabalham em conjunto, tendo cada uma a sua função e não podendo sobreviver sem as outras células que constituem o mesmo individuo.
Nestes organismos complexos, as células que os constituem diferenciam-se e especializam-se (adoptando morfologias e fisiologias adequadas às funções desempenhadas no organismo).
A diversidade de formas vivas que actualmente povoa o planeta é apenas 99,9% de toda a Biodiversidade que já existiu na Terra; os grupos de seres vivos foram sofrendo processos de extinção mais ou menos acentuados, que foram contribuindo para a variação de habitantes do planeta, ao longo dos 4600 milhões de anos que o planeta tem de idade.
Dentro da diversidade biológica existente, o nível de complexidade organizacional dos seres vivos é também variável, mesmo até dentro de um mesmo grupo de seres vivos semelhantes. Desta diferença de complexidade é exemplo o diferente nível organizacional dos seres vivos que constituem o grupo das Algae. A complexidade é fruto de um caminho de crescimento e de desenvolvimento em que existe um nível mínimo de complexidade exigida para qualquer organismo ser considerado um ser vivo, mas não existe um nível máximo. Daí, embora segundo alguns autores até a biomassa seja superior no grupo dos seres mais simples, o falaciosamente observável é o crescimento da complexidade desde o surgimento das bactérias até ao aparecimento do ser humano.
A diferença entre organismos multicelulares e seres multicelulares coloniais prende-se com o nível de diferenciação. Certas algas possuem uma tal organização e complexidade estrutural que são já consideradas como organismos plenos, e não colónias de indivíduos.
A multicelularidade aparece apenas em seres eucariontes, surgindo apenas como máximo de complexidade estrutural nas bactérias a formação de colónias.
A multicelularidade apresenta diversas vantagens, das quais se destacam a capacidade de adaptação a diferentes ambientes permitida pela grande diversidade de formas; a possibilidade de constituir organismos de grandes dimensões sem comprometer as trocas com o meio externo; os organismos conseguiram aumentar a eficácia na utilização da energia; e foi possível atingir uma maior independência do meio externo, pois as condições favoráveis passaram a ser função dos órgãos especializados, libertando os organismos das variações do meio externo.
A formação de colónias, pelo seu aparente caminho em direcção à multicelularidade plena, indica que talvez o aparecimento de organismos multicelulares complexos tenha passado pelo estado colonial.
O estado colonial obriga a uma diminuição do tamanho das células constituintes da colónia; este facto permite a que o conjunto de células possa crescer até a um nível que não seria possível a uma célula isolada. Assim, a diminuição das dimensões acaba por ser vantajoso, pois permite ainda baixar as necessidades energéticas de cada célula e contribuir para o possível aumento sustentado do conjunto de células, que organizado e com uma complexidade aceitável, pode vir a formar um ser vivo multicelular.
Partir da unicelularidade para um organismo multicelular, passando pela colónia como passo intermédio pode ser um caminho evolutivo favorável à conquista do ambiente terrestre, em que o tamanho pode ser uma garantia de segurança, ou mais fácil acesso aos recursos num mundo vivo sempre competitivo.
Os modelos explicativos apresentados não são contudo universalmente aceites por todos os cientistas, tendo os modelos certas falhas na explicação de fenómenos e factos observados. O modelo endossimbiótico, por exemplo, teve numa primeira fase uma abordagem radical para a origem do núcleo; no entanto, os seus defensores actuais já admitem a origem autogénica desta estrutura particular.

Thursday, February 01, 2007

Lição 87 e 88

Os reinos da Vida

Lineu fortaleceu os trabalhos de Aristóteles ao manter a classificação dos seres vivos em dois reinos, Animal e das Plantas. No reino das plantas ficavam os seres vivos sem locomoção e sem ingestão e que realizam fotossíntese, seres unicelulares com cloroplastos e bactérias e fungos, com base na existência de parede celular. O reino Animal abrange seres não fotossintéticos que têm locomoção e obtêm o alimento por ingestão, os protozoários e os animais. Esta classificação apresenta limitações pois não explica a posição de certos organismos como a Euglena que tem locomoção e é fotossintética, considera uma separação artificial dos seres unicelulares e não esclarece a posição das bactérias e dos fungos, devido à diferente composição da parede celular e por os fungos e muitas bactérias nãos serem fotossintéticos.
Posteriormente surgiu uma classificação em 3 reinos considerada por vários autores como Ernest Haeckel que considerava o reino Protista para incluir organismos com algumas características pouco definidas, as bactérias, os protozoários e os fungos.
Na segunda metade do século XX foi introduzido o Reino Monera para englobar apenas os seres procariontes pelo Herbert Copeland.
Em 1968 foi introduzido o sistema de classificação em 5 reinos de Whittaker: o reino Monera para as bactérias, o reino Protista para os protozoários, o reino dos Fungos para os fungos e mixomicetes, o reino das Plantas para plantas e algas e o reino dos Animais para os animais.
Em 1979 Whittaker conhecedor de algumas limitações do seu sistema de classificação fez algumas alterações. O reino Protista passou a incluir além dos protozoários os mixomicetes e as algas por ambos apresentarem baixa diferencição.
Whittaker utilizou como critérios:
- O nível de organização estrutural da célula: Procariótico Unicelular no reino Monera, Eucariótico unicelular ou pluricelular de baixa diferenciação no reino Protista, eucariótico principalmente pluricelular no reino dos Fundos e eucariótico pluricelular nos reinos Plantas e Animais.
- O tipo de nutrição: No reino Monera quimioheterotróficos ou fotoheterotróficos com nutrição por absorção, autotróficos com nutrição por fotossíntese ou quimiossintese; no reino Protista, os Protozoários são quimioheterotróficos com nutrição por ingestão, as algas são fotoautotróficas e os mixomicetes são quimioheterotróficos com nutrição por absorção; no reino dos Fungos são quimioheterotróficos com nutrição por absorção; no reino das plantas são fotoautotróficas e no reino dos Animais são quimioheterotróficos com nutrição por ingestão.
- Interação nos Ecossistemas: No reino Monera são microconsumidores ou produtores; no reino Protista, os Protozoários são macroconsumidores, as algas são produtoras e os mixomicetes são microconsumidores; no reino dos Fungos são microconsumidores; no reino das Plantas são produtores e no reino dos Animais são macroconsumidores.

Lição 87 e 88

Os reinos da Vida

Lineu fortaleceu os trabalhos de Aristóteles ao manter a classificação dos seres vivos em dois reinos, Animal e das Plantas. No reino das plantas ficavam os seres vivos sem locomoção e sem ingestão e que realizam fotossíntese, seres unicelulares com cloroplastos e bactérias e fungos, com base na existência de parede celular. O reino Animal abrange seres não fotossintéticos que têm locomoção e obtêm o alimento por ingestão, os protozoários e os animais. Esta classificação apresenta limitações pois não explica a posição de certos organismos como a Euglena que tem locomoção e é fotossintética, considera uma separação artificial dos seres unicelulares e não esclarece a posição das bactérias e dos fungos, devido à diferente composição da parede celular e por os fungos e muitas bactérias nãos serem fotossintéticos.
Posteriormente surgiu uma classificação em 3 reinos considerada por vários autores como Ernest Haeckel que considerava o reino Protista para incluir organismos com algumas características pouco definidas, as bactérias, os protozoários e os fungos.
Na segunda metade do século XX foi introduzido o Reino Monera para englobar apenas os seres procariontes pelo Herbert Copeland.
Em 1968 foi introduzido o sistema de classificação em 5 reinos de Whittaker: o reino Monera para as bactérias, o reino Protista para os protozoários, o reino dos Fungos para os fungos e mixomicetes, o reino das Plantas para plantas e algas e o reino dos Animais para os animais.
Em 1979 Whittaker conhecedor de algumas limitações do seu sistema de classificação fez algumas alterações. O reino Protista passou a incluir além dos protozoários os mixomicetes e as algas por ambos apresentarem baixa diferencição.
Whittaker utilizou como critérios:
- O nível de organização estrutural da célula: Procariótico Unicelular no reino Monera, Eucariótico unicelular ou pluricelular de baixa diferenciação no reino Protista, eucariótico principalmente pluricelular no reino dos Fundos e eucariótico pluricelular nos reinos Plantas e Animais.
- O tipo de nutrição: No reino Monera quimioheterotróficos ou fotoheterotróficos com nutrição por absorção, autotróficos com nutrição por fotossíntese ou quimiossintese; no reino Protista, os Protozoários são quimioheterotróficos com nutrição por ingestão, as algas são fotoautotróficas e os mixomicetes são quimioheterotróficos com nutrição por absorção; no reino dos Fungos são quimioheterotróficos com nutrição por absorção; no reino das plantas são fotoautotróficas e no reino dos Animais são quimioheterotróficos com nutrição por ingestão.
- Interação nos Ecossistemas: No reino Monera são microconsumidores ou produtores; no reino Protista, os Protozoários são macroconsumidores, as algas são produtoras e os mixomicetes são microconsumidores; no reino dos Fungos são microconsumidores; no reino das Plantas são produtores e no reino dos Animais são macroconsumidores.

Lição 83 e 84

Evolução dos sistemas de classificação

Nas classificações fenéticas apenas se procura fazer o agrupamento significativo dos organismos sem a preocupação da reconstituição da história evolutiva dos grupos. Estas classificações são horizontais e baseiam-se em características objectivas, mas não põem em evidência a filogenia dos organismos, pois nem sempre as semelhanças fenotipicas corerespondem à proximidade evolutiva.
As classificações verticais dão ênfase à filogenia, de modo a reflectir a história evolutiva dos seres vivos. Estas classificações exprimem as relações de parentesco entre os individuos através de diagramas designados de árvores filogenéticas.
Cada sistema de classificação reflecte, em cada época, o grau de conhecimentos científicos, não havendo, por isso, nenhuma classificação definitiva.


Hierarquia Taxonómica e regras da nomenclatura
As classificações biológicas utiliuzadas actualmente reflectem ainda a influência dos trabalhos de Linneu publicados no século XVIII. È considerado o pai da taxonomia. Ordenou os seres vivos numa série ascendente de grupos de complexidade formando um sistema hierárquico de classificação. Cada categoria taxonómica é designada de taxon, no plural taxa.
Nas classificações consideram-se sete categorias principais: Espécie, Género, Família, Ordem, Classe, Filo e Reino. Em botância utiliza-se o termo Divisão em vez de Filo. A espécie é a unidade básica de classificação e segundo o conceito biológico representa um grupo natural constituído por um conjunto de indivíduos que, partilhando o mesmo fundo genético, podem cruzar-se entre si originando descendência fértil. Este conceito biológico de espécie tem limitações pois não pode ser aplicado a espécies fóssei nem a espécies que só apresentam reprodução assexuada. A formação dos outros grupos taxonómicos depende do julgamento humano
Os taxonomistas têm por vezes de considerar categorias intermédias e usam para as distinguir prefixos como super, infra e sub, como é o caso dos Vertebrados que constitui um subfilo.
As regras básicas utilizadas em nomenclatura são:
- A designação dos Taxa é feita em latim. Como é uma língua morta não está sujeita a evolução.
-A designação dos grupos superiores à Espécie é uninomial, isto é consta de uma única palavra que é um substantivo escrito com inicial maiúscula.
- O nome da Família nos animais obtem-se acrescentando –idae à raiz do nome de um dos géneros. Nas plantas a terminação que caracteriza a família é –aceae.
- Para designar as espécies utiliza-se nomenclatura binomial, a primeira palavra é um substantivo escrito com inicial maiúscula e que corresponde ao nome do género a que a espécie pertence e a segunda palavra escrita em minúsculas designa-se por epíteto ou restritivo especifico, sendo geralmente um adjectivo.
-Para uma subespécie utiliza-se nomenclatura trinomial para a designar, escreve-se o nome da espécie seguida por um terceiro termo designado por restritivo subespecifico ou epíteto subespecifico.
-Os nomes genéricos, específicos e subespecificos devem ser sublinhados ou escritos em itálico.
-Á frente da designação especifica deve-se escrever o nome do taxonomista (ou a sua abreviatura) que pela primeira vez atribuiu o nome cientifico à espécie considerada seguido de uma virgula com a data de publicação.

Lição 81 e 82

Questões éticas da clonagem


“ Por que é que a clonagem nos coloca uma ou mais questões éticas?
Quer para a pesquisa quer para o seu uso terapêutico, os embriões seriam destruídos, e estes embriões são seres humanos. Isso coloca em questão o valor da vida, particularmente da vida humana, além dos valores da liberdade científica, da dignidade dos sujeitos envolvidos em pesquisa e dos benefícios da biotecnologia, na discussão do assunto da clonagem. No caso do uso
reprodutivo, supondo a segurança plena da técnica para todos os envolvidos, reproduziríamos seres humanos que seriam gêmeos monozigóticos dos doadores da célula utilizada para a clonagem, mas com uma temporalidade vital diferente da do seu doador . Isso coloca em questão os valores da autonomia e da responsabilidade reprodutiva. Assim, as duas principais perguntas são:
É correcto o uso (e morte) de embriões humanos em pesquisa?
É correcto gerar e dar nascimento a um ser humano que, biologicamente, possui a mesma informação genética de outro?
Podemos citar aqui três problemas que envolvem aspectos éticos: um em relação aos possíveis abusos da técnica, como o seu uso para fins de discriminação, outro em relação à proibição legal que existe ou pode existir independentemente da avaliação ética que se tenha do assunto (e quanto a isso valeria lembrar que o tipo de lei que deverá ser adoptada colectivamente dependerá em grande parte do argumento ético); e por último, o questionamento acerca das prioridades dos gastos com pesquisa médica e reprodutiva, ou seja, qual a necessidade e importância da clonagem terapêutica e reprodutiva se comparada com outras necessidades?
Sobre este último ponto, se compararmos os custos das pesquisas em reprodução assistida e das técnicas mais avançadas, com o que poderíamos gastar com os pobres, então, tais pesquisas e tecnologias parecer-nos-ão duvidosas.
Porém, devemos ser cuidadosos aqui: as pesquisas (por exemplo, com clonagem terapêutica, para tratar doenças) poderão ajudar a todos; o problema da má distribuição de recursos não atinge só os gastos com pesquisas avançadas, e podemos encontrar despesas menos importantes para cortarmos (como gastos públicos com exércitos ou gastos privados com lazer); todas as pesquisas e tecnologias avançadas devem ser re-examinadas sob este prisma, e não apenas as de clonagem e reprodução assistida.
Estes pontos todos podem ser precedidos pelo questionamento acerca da segurança da técnica de clonagem, ou seja, do conhecimento testado o suficiente em laboratório e em condições tais que não coloquem riscos desnecessários para os participantes e afectados (por exemplo, os riscos para as gestantes e para os futuros bebés, no caso da clonagem reprodutiva), antes da sua aplicação efectiva. Até o momento não há ainda essa segurança bem estabelecida: há um risco enorme de se gerarem embriões malformados ou crianças com defeitos genéticos graves, o que nos leva a sustentar que não há ainda justificação suficiente para a utilização da clonagem para fins reprodutivos. Por outro lado, os riscos só serão diminuídos ou superados com a pesquisa que, além do mais, não visa apenas nem principalmente a reprodução assistida, mas a compreensão e cura de doenças graves.
Contra a clonagem pode-se alegar: a santidade da vida humana; o risco à diversidade genética humana; o fim da lotaria natural na determinação do genoma de alguém; a exclusão da identidade genética única de cada indivíduo; a “escolha” dos filhos pelos pais ao invés de serem “dados”; os riscos médicos, psicológicos, sociais e legais envolvidos. Em favor da clonagem pode-se alegar: o direito à autonomia reprodutiva; a liberdade de investigação científica; a continuidade do progresso técnico em reprodução assistida; a possibilidade de amenizar a perda de um filho pela geração de outro geneticamente idêntico; a possibilidade para homossexuais e estéreis de ter filhos; a possibilidade de gerar indivíduos com grandes qualidades desportivas, intelectuais e outras; as possibilidades terapêuticas. “

http://www.ifl.pt/dfmp_files/clonagem.pdf

Frutos sem sementes

Devido a erros durante a meiose as plantas poderão formar gâmetas anormais, 2n. Estes erros podem ocorrer durante a meiose I, uma não disjunção de cromossomas homólogos, ou durante a meiose II, uma não disjunção de cromatidios de um mesmo cromossoma, para pólos opostos. Estes gâmetas diplóides podem fecundar um gâmeta normal e originar plantas triplóides. Estas plantas ficam impossibilitadas de realizar meiose, e portanto não formam esporos, logo não formam gâmetas e por isso não realizam reprodução sexuada. No entanto por multiplicação vegetativa realizam reprodução assexuada e podem assim originar mais plantas que produzem frutos sem sementes.

Evolução dos sistemas de classificação
A necessidade de classificar surge devido à grande diversidade de seres vivos. Já o Homem nómada sentiu necessidade de classificar os seres vivos de acordo a sua utilidade ,quer em relação à alimentação, à resolução de doenças ou mesmo para a defesa, por exemplo os animais perigosos e os animais não perigosos, as plantas venenosas, alimentares, não venenosas. Os sistemas de classificação expressam relações entre os organismos e as designações que lhe são atribuídas expressam essas relações. Assim os primeiros sistemas de classificação são designados de práticos. A sedentarização do Homem proporcionou a possibilidade de observar e estudar os seres vivos de uma forma mais desinteressada. Aristóteles, foi um dos primeiros a desenvolver um sistema de classificação racional, ou seja baseado nas características dos seres vivos, horizontal, pois não considerou o factor tempo e artificial pois utilizou poucos critérios. Muitos investigadores continuaram a elaborar classificações deste modo mas não comunicavam uns com os outros. No século XVIII, Lineu ao publicar a sua obra colocou em relevo caracteres morfológicos, como base para a ordenação de seres vivos, dando impulso à classificação. No entanto o sistema de classificação de Lineu é semelhante ao de Aristóteles, racional, horizontal e artificial. Em consequências das novas Terras descobertas durante a época dos Descobrimentos, os exploradores europeus trouxeram para a Europa muitas plantas e animais desconhecidos e que não tinham sido ainda identificados. Os naturalistas sentiram necessidade de melhorar as suas classificações. Surgiram classificações em que a organização dos grupos se baseia no maior número de características, e caracterizam o período pós-lineano e pré-darwiniano e designam-se de classificações naturais.

Lição 79 e 80

Ciclo de vida de uma Angiospérmica

Os órgãos sexuais masculinos de uma flor são os estames. Cada estame é constituído por filete e antera. A antera está especializada na reprodução. Cada antera jovem possui 4 sacos polinicos com células-mãe de esporos. Durante a maturação estas células sofrem meiose, originando cada uma 4 micrósporos, os grãos de pólen. Após maturação, por abertura da parede das anteras, realiza-se a deiscência, isto é, libertam-se os grãos de pólen para o exterior.
Os órgãos sexuais femininos da flor são os carpelos, cujo conjunto constitui o gineceu. No interior do ovário existe um ou mais óvulos. No interior de cada óvulo existe uma célula maior, de núcleo volumoso, a qual por meiose origina 4 células haplóides. Três degeneram, ficando apenas uma, o esporo feminino, o macrósporo designado saco embrionário. O núcleo desta célula sofre 3 mitoses e origina oito núcleos. Estes núcleos dispõem-se em locais diferentes. Um deles é a oosfera e os dois núcleos centrais, os núcleos polares, por vezes unem-se constituindo um núcleo diplóide. Fica assim formado o gametófito feminino, o saco embrionário germinado. Os grãos de pólen são transportados até ao estigma da mesma flor ou de outras flores de plantas da mesma espécie, ocorrendo a polinização. Os grãso de pólen caem no estigma e ficam aí aderidos, pois o estigma é recoberto por uma secreção açucarada e oleosa. O grão de pólen germina e forma o tubo polinico. Durante o crecimento do tubo polinico, um dos seus núcleos sofre mitose e origina dois gâmetas masculinos, os anterozóides. O tubo polinico atinge o ovário e penetra num óvulo, libertando os gâmetas masculinos. Um funde-se com a oosfera e origina o zigoto. O outro gâmeta masculino funde-se com os dois núcleos polares da célula central e origina um núcleo triplóide da célula mãe do albúmen. Ocorre assim uma dupla fecundação. Através de mitoses o zigoto origina o embrião, enquanto que a célula mãe do albúmen origina o albúmen, um tecido de reserva. O embrião o albúmen e os tegumentos formam a semente que pode ficar em estado de vida latente. As paredes do ovário e, por vezes outras peças d a flor evoluem e formam o pericarpo, o fruto. Quando as condições são favoráveis a semente germina e origina um esporófito.