Jornal de Estudo

Wednesday, February 21, 2007

Lição 107 e 108

O Darwinismo e suas bases teóricas

Darwin foi influenciado pelo trabalho desenvolvido em várias áreas da Ciência: Geologia (Lyell, com a sua teoria do uniformitarismo, segundo a qual as leis naturais são constantes no espaço e no tempo, o passado deve ser explicado partindo de dados do presente e a história da Terra caracteriza-se por constantes mudanças lentas e graduais); Biogeografia, compreendendo que espécies de seres vivos semelhantes entre si, diferindo apenas em certas características distintivas (como a alimentação, p. e.), têm provavelmente uma origem comum; Matemática, na qual Malthus postulou que as populações têm crescimento exponencial, enquanto os recursos crescem apenas de forma aritmética; dados de selecção artificial, provenientes da columbofilia (o seu hobbie), na prática do qual verificou ser possível, através de cruzamentos planeados, isolar e evidenciar certas características dos seres vivos). Baseando-se em todos estes dados, desenvolveu a sua teoria da selecção natural. Nesta, ele sugere que dentro de cada população os indivíduos apresentam variações nas suas características. O meio, pela exposição das populações às condições físicas, promove uma selecção, que se revela na sobrevivência e consequente reprodução diferencial de indivíduos; os mais aptos a sobreviver em determinado meio, sobrevivem mais tempo e reproduzem-se mais, deixando mais descendência e modelando as gerações futuras dessa população. A sua ideia baseava-se no preceito de que é a presença de uma estrutura que determina a possibilidade de efectuar uma certa função; quando a capacidade de realizar uma função se revela qualitativa para o ser vivo no meio em que este se insere, este consegue então uma vantagem em relação aos seus companheiros da mesma população, que se mostra no resultado da selecção natural. Daqui advém um maior potencial reprodutivo para quem possui esta vantagem, pelo que esta característica é mais facilmente transmitida e multiplicada na geração seguinte.
Os argumentos do evolucionismo

As teorias evolucionistas têm vários argumentos a apoiá-las:
A anatomia comparada, um dos principais factores desencadeadores da ideia na mente de Darwin foi a comparação entre seres muito semelhantes, mas contudo adaptados a diferentes habitats; os chamados tentilhões de Darwin, por exemplo, são um grupo de aves, vizinhas na mesma ilha, mas possuidoras de diferenças ao nível morfológico, que Charles Darwin associou à diferente alimentação destas aves. Assim, da comparação das estruturas em seres vivos de diferentes grupos veio a constatação que existiam algumas que, apresentando funções diferentes, eram constituídas por peças com a mesma origem embriológica e um plano de organização estrutural semelhante embora podendo assumir aspectos diferentes; estas estruturas, pela sua origem comum, denominam-se estruturas homólogas. Os seres que possuem estas estruturas apresentam evolução divergente, pois foram sujeitos a pressões selectivas diferentes. Outras estruturas revelavam adaptação a uma mesma função, embora com evidente origem díspar; a estas estruturas semelhantes na função, mas diferentes na origem, chamam-se estruturas análogas. Os seres vivos que as possuem sofreram evolução convergente, pois embora com origens diferentes sofreram a mesma pressão selectiva. Em certos seres vivos, não é a presença explícita de estruturas que ajuda na sua classificação, mas sim os seus vestígios, que permitem concluir qual a proveniência filogenética destes seres vivos. Nas baleias, p. e., a presença de fémur e pélvis vestigiais auxiliaram na sua classificação como tetrápodes.
A Paleontologia também deu o seu contributo, já que sendo o seu objecto de estudo os fósseis, forneceu diversos dados históricos que evidenciam a existência no passado de grupos de seres vivos já extintos; trouxe ainda à luz da Ciência diversas provas da existência passada de seres vivos que demonstram a passagem evolutiva de uns grupos para outros. Assim, estas formas sintéticas ou intermédias comprovam a ligação, durante o processo evolutivo, entre grupos hoje aparentemente muito diversos, como os répteis e os mamíferos. Olhar os dados paleontológicos associados aos dados provindos da Geologia permitem reconstruir a história da vida, indo acrescentado as vírgulas e pontos à medida que novos fósseis vão sendo descobertos e estudados, e a conjugação interdisciplinar vai sendo melhorada. Seres vivos como o ornitorrinco são considerados fósseis vivos, pois ainda existem na actualidade, mas já existem representantes fossilizados. Este animal também é uma forma intermédia, pois apresenta características de diferentes grupos filogenéticos.
Citologicamente também existem argumentos favoráveis ao evolucionismo. A universalidade do código genético, baseada no DNA em todos os organismos vivos, e a síntese proteica, o isolamento dos meios intra e extra-celular por uma membrana formada por uma dupla camada fosfolípida, entre outras similitudes (a principal divisão dos seres vivos pode ser feita em dois grandes grupos, os eucariontes e os procariontes, que se baseia em vários fundamentos racionais), são alguns dos argumentos que deixam pouco espaço a dúvidas sobre uma origem comum de todos os seres vivos. Contudo, os criacionistas utilizam também estes dados científicos para suportar a ideia da origem de toda a vida a partir de um mesmo momento de inspiração divina…
O estudo comparativo da ontogenia dos seres vivos revela ligações filogenéticas, já que estes, durante o desenvolvimento embrionário, apresentam semelhanças entre si. Podem comparar-se embriões entre si, mas não deve estabelecer-se correspondência entre formas embrionárias e formas de antepassados adultos.
Por fim, a Bioquímica é talvez a Ciência que mais dados tem fornecido para suportar o evolucionismo, pois as semelhanças entre processos dentro das células, e entre as bases das moléculas orgânicas, e a sua interligação é de tal ordem, que é possível hoje delinear estudos em seres muito simples e aplicá-los posteriormente a seres mais complexos, como os seres humanos. O exemplo da possibilidade de produção de insulina por bactérias, sendo depois aplicada em humanos com taxas de sucesso altíssimas prova sem qualquer dúvida a existência de uma ligação passada profunda entre todas as formas de vida terrestre.

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