Jornal de Estudo

Wednesday, February 21, 2007

Lição 105 e 106

História das Teorias Explicativas da Biodiversidade: do Fixismo ao Evolucionismo

A primeira teoria explicativa da Biodiversidade de que há registo foi sugerida pelos filósofos gregos da Antiguidade, nomeadamente Aristóteles. A sua teoria sugeria a geração espontânea como origem de alguns seres vivos, e a intervenção do Princípio vivo sobre a matéria inerte, dando-lhe forma e vida. Assim explicava o surgimento, p. e., de moscas a partir de carne putrefacta. A partir da sua formação, as espécies mantinham-se imutadas. A classificação sugerida para catalogar a Natureza viva era uma escala natural, hierárquica e progressiva em direcção ao Homem.
A teoria criacionista teísta professa um início num tempo não superior a 6000 anos, tendo a vida a sua origem na intervenção directa de um Criador, o Deus único das religiões monoteístas. Num momento preciso, que decorreu em 6 dias de inspiração divina, todos os seres vivos foram criados tal como são observáveis actualmente. O Homem ficou, segundo as Escrituras, encarregue da Criação divina.
A ideia criacionista manteve-se até ao século XVIII sem objecção séria, inclusive vários cientistas de renome e com trabalho valoroso, por causa das suas convicções religiosas, não foram capazes de compreender ou aceitar as conclusões óbvias dos seus resultados. Lineu não viu na sua classificação que esta representava a filogenia e as relações evolutivas entre as espécies.
Cuvier, embora reconhecendo que os fósseis eram restos de seres vivos que viveram no passado, não tendo representação na actual fauna e flora, explicou este facto suportando a teoria criacionista, completando-a com a sua teoria catastrofista, na qual propunha que certos episódios catastróficos, promovidos por uma entidade divina, dizimavam a vida em determinados locais, sendo estes posteriormente repovoados por formas de vida existentes em locais vizinhos. Os seus discípulos radicalizaram a sua teoria, acrescentando que Deus promovia, de tempos a tempos, o dizimar de toda a Biodiversidade, criando de novo outras formas de vida para ocupar os locais, agora vazios.
O lamarckismo é considerada a primeira teoria evolucionista explicativa da Biodiversidade. Baseia-se em dois propósitos essenciais: uma certa dificuldade verificada por um indivíduo cria a necessidade de cumprimento de certas funções, que é resolvida pelo aparecimento ou desenvolvimento de órgãos adaptados a essas funções (Lei do uso e do desuso); as estruturas desenvolvidas para o desempenho de determinadas funções são tanto mais desenvolvidas quanto mais necessárias são ao normal funcionamento do ser vivo; estas estruturas, e o seu diferencial desenvolvimento, vão sendo transmitidas à descendência, evidenciando as crias as características presentes nos progenitores (Lei da transmissão dos caracteres adquiridos). Exemplos da actualidade desta teoria ainda hoje, embora seja em situações pontuais e excepcionais, são as transmissões de plasmídeos entre bactérias, ou a influência do meio na síntese e funcionamento de proteínas.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home