Jornal de Estudo

Thursday, January 25, 2007

Lição 75 e 76

A reprodução sexuada envolve dois fenómenos complementares: a meiose e a fecundação. Sendo a haploidia consequência da meiose e a diploidia consequência da fecundação, a posição relativa da meiose e da fecundação tem grande importância nas características dos ciclos de vida, ou seja no conjunto de transformações experimentadas por um organismo desde a sua formação até que se reproduz. A ocorrência de meiose e de fecundação no ciclo de vida de um organismo tem como consequência a existência de alternância de fases nucleares, pois entidades de núcleo haplóide (compreendidas entre meiose e a fecundação) alternam com entidades de núcleo diplóide (compreendidas entre a fecundação e a meiose).
Há seres vivos em cujo ciclo de vida a meiose ocorre na primeira divisão do zigoto, meiose pós zigótica, sendo portanto o zigoto a única célula diplóide existente em todo o ciclo. A diplofase está pois reduzida a uma única célula. É o caso da espirogira.
Noutros casos, o zigoto, por mitoses sucessivas, dá origem a um organismo adulto multicelular, constituído por células diplóides, o qual no período de reprodução, produz gâmetas. Na formação destas células reprodutoras ocorre a redução cromática, meiose pré-gamética. As únicas células haplóides em todo o ciclo de vida são os gâmetas que por fecundação, originam o zigoto. É o caso do Homem.
Noutros casos ainda, o zigoto, por sucessivas mitoses, origina uma entidade multicelular formada por células diplóides, o esporófito. Nesta entidade ocorre meiose, originando-se células haplóides os esporos, meiose pré-espórica. Os esporos são células reprodutoras que germinam originando, cada um, uma entidade multicelular com células haplóides, o gametófito, onde se vão produzir gâmetas. É o caso do polipódio.
A espirogira é uma alga que vive na água doce, principalmente em charcos e regatos, constituindo agregados filamentosos. Os filamentos de espirogira são constituidos por células cilíndricas colocadas topo a topo. À superfície do citoplasma localiza-se um ou mais cloroplastos em forma de fita enrolada em hélice. Quando as condições são favoráveis, os filamentos crescem e por fragmentação destacam-se novas porções, originando novas espirogiras. Em condições desfavoráveis esta alga reproduz-se sexuadamente. O conteúdo de cada célula de um dos filamentos condensa-se e desloca-se pelo tubo de conjudgação até à célula do outro filamento. O gâmeta dador é constituido pelo conteúdo celular que se movimenta. O gãmeta receptor é constituido pelo conteúdo celular que permanece imóvel. Ocorre fecundação entre cada duas células, originando-se vários zigotos, que são células diplóides. A espirogira apresenta isogâmia morfológica e anisogâmia funcional. Após fecundação os filamentos desagregam-se, ficando cada um dos ovos rodeado por uma parede espessa, no estado de vida latente, até que as condições voltem a ser favoráveis. Então o zigoto sofre meiose, formando-se 4 núcleos haplóides. Três destes degeneram, ficando a célula com um único núcleo haplóide. Por divisões mitóticas sucessivas, a partir desta célula forma-se um novo filamento de espirogira.
No caso do ciclo de vida humano, após a fecundação forma-se um zigoto que por mitoses sucessivas e diferenciação, dá origem a um indivíduo adulto multicelular, constituido por células diplóides, o qual posteriormente produz gãmetas, por meiose. As únicas células haplóides em todo o ciclo de vida são os gãmetas e por isso o ciclo de vida é diplonte. O indivíduo adulto pertence à diplofase.
As Filicíneas são plantas vasculares com sementes. Os representantes desta classe vulgarmente designados por fetos, como por exemplo o polipódio, constituem o grupo mais abundante de plantas vasculares que não produzem sementes. Na parte subterrânea os fetos possuem, geralmente um rizoma com raízes que lhes permite fixarem-se ao solo. Têm, em regra folhas muito desenvolvidas e que apresentam muitas vezes o limbo dividido em folíolos. Estas folhas nascem enroladas e desenrolam quando se desenvolvem, o que lhes permite resistir às asperezas do solo e á própria dessecação. Na época da reprodução, na página inferior das folhas, desenvolvem-se os soros, que são grupos de esporângios. Estes são estruturas pluricelulares que quando jovens contêm células-mães de esporos. No decurso da reprodução, as células-mães de esporos contidas nos esporângios experimentam meiose, originando esporos morfologicamente idênticos. O polipódio é uma planta isospórica. A estrutura do esporângio está bem adaptada à dispersão dos esporos. Assim, em cada um dos esporângios pode observar-se um semianel de células espessadas em U, que, por desidratação, provoca a ruptura do esporângio, permitindo a dispersão dos esporos. Estes caem na terra, germinam e cada um origina um gametófito laminar fotossintético. Estes gametófitos, chamados protalos, chamam-se monóicos, porque cada um deles tem gametângios masculinos, os anterídios, e gametângios femininos, os arquegónios.
Os anterozóides formados nos anterídios, se encontrarem uma película de água entre o protalo e o solo, nadam até aos arquegónios, ocorrendo o fenómeno de fecundação. O zigoto resultante começa a desenvolver-se sobre o gametófito, originando-se um esporófito que adquire vida independente, cresce e forma a planta adulta.

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